domingo, 27 de setembro de 2009

já sonhei tanto, agora estou cansada.
eu sei, é cedo. mas nem meus ossos aguentam mais.
estou velha demais para os sonhos.

sábado, 12 de setembro de 2009

macabéa

Os dois não sabiam inventar acontecimentos.

" Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública. E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a grande glória de Deus."

Ele: Pois é.
Ela: Pois é o quê?
Ele:Eu só disse pois é!
Ela: Mas "pois é" o quê?
Ele: Melhor mudar de conversa porque você não entende.
Ela: Entender o quê?
Ele: Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
Ela:Falar então de quê?
Ele: Por exemplo, de você.
Ela: Eu?!
Ele:Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de gente.
Ela: Desculpe mas não acho que sou muito gente.
Ele: Mas todo mundo é gente, meu Deus!
Ela: É que não me habituei.
Ele: Não se habituou com quê?
Ela: Ah, não sei explicar.
Ele: E então?
Ela: Então o quê?
Ele: Olhe, eu vou embora porque você é impossível!
Ela: É que só sei ser impossível, não sei mais nada. Que é que eu faço para conseguir ser possível?
Ele: Pare de falar porque você só diz besteira! Diga o que é de teu agrado.
Ela: Acho que não sei dizer.
Ele: Não sabe o quê?
Ela: Hein?
Ele: Olhe, até estou suspirando de agonia. vamos não falar em nada, está bem?
Ela: Sim, está bem, como você quiser.

(...)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

saudades, apenas isso.

Saudades de escrever aqui.
Pra ser mais especifica, saudades de ser essa pessoa que escrevia aqui. Posso dizer que ela foi feliz por algum tempo e acreditou em coisas boas... e sonhou.
saudades disso.

domingo, 26 de outubro de 2008

E finalmente


"As pessoas feridas são perigosas...

Elas sabem que podem sobreviver."

sábado, 25 de outubro de 2008

Ela cansou


Deus, como estou cansada...
Por que essa noite tem que chegar?
Se há uma lua lá fora... Ignoro

Eu não preciso mais sentir... E nem quero...
Seria tão mais fácil se eu pudesse escolher... Mas não posso.
Submetida... Submissa... Subversiva... Subumana...

Feneço...

Sei que mais tarde morrerei... A morte dos que dormem...

Minha prece?

Mas livrai-me dos sonhos... Amém.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Pedaços


Há [cada vez mais] pedaços menores de mim...
Tento juntar meus caquinhos...
É a primeira vez que vou arrancar o bem pela raiz...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

No ônibus


O viu e tudo nele era tão harmonicamente posicionado...
Ela tinha que olha-lo nos olhos...
Ele desviou.
Ela não mais o encarou, mas sabia que ele percebeu que havia sido notado. O sentiu procurando seu olhar novamente, era o suficiente pra ela que acendeu para si um meio sorriso.
Era a sua mensagem...
E ela pôde perceber que um dia lindo havia nascido... Que tudo ia dar certo, e mesmo que tudo estivesse difícil, ao menos isso a fazia sentir a vida seguindo um caminho... Algo estava acontecendo e isto era importante...
Olha que loucura... Viu tudo isso no rosto dele. Ele era tão lindo que ela sentiu vontade de agradecer-lhe por isso.
Acreditem, ela sentiu brotar dentro de si uma gratidão profundamente poética... Quase se dirigiu ao moço que a havia acordado para dizer com um sorriso, um caloroso obrigada... Mas há convenções. Lá havia um aviso invisível que dizia: “Proibido sorrir”.
Até ali havia um sol que ela não havia sentido...
Um céu cintilantemente azul que ela não havia notado...
E muitas coisas a serem feitas...
Pessoas insistindo em seguir em frente... Mesmo que de um jeito “humano, demasiado humano”, elas seguiam... Todos os dias ao acordarem praticavam o pequeno, subversivo e significativo gesto de continuar...

E continuamos...