terça-feira, 21 de outubro de 2008

No ônibus


O viu e tudo nele era tão harmonicamente posicionado...
Ela tinha que olha-lo nos olhos...
Ele desviou.
Ela não mais o encarou, mas sabia que ele percebeu que havia sido notado. O sentiu procurando seu olhar novamente, era o suficiente pra ela que acendeu para si um meio sorriso.
Era a sua mensagem...
E ela pôde perceber que um dia lindo havia nascido... Que tudo ia dar certo, e mesmo que tudo estivesse difícil, ao menos isso a fazia sentir a vida seguindo um caminho... Algo estava acontecendo e isto era importante...
Olha que loucura... Viu tudo isso no rosto dele. Ele era tão lindo que ela sentiu vontade de agradecer-lhe por isso.
Acreditem, ela sentiu brotar dentro de si uma gratidão profundamente poética... Quase se dirigiu ao moço que a havia acordado para dizer com um sorriso, um caloroso obrigada... Mas há convenções. Lá havia um aviso invisível que dizia: “Proibido sorrir”.
Até ali havia um sol que ela não havia sentido...
Um céu cintilantemente azul que ela não havia notado...
E muitas coisas a serem feitas...
Pessoas insistindo em seguir em frente... Mesmo que de um jeito “humano, demasiado humano”, elas seguiam... Todos os dias ao acordarem praticavam o pequeno, subversivo e significativo gesto de continuar...

E continuamos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo... Que profundo e intenso como vc!