sábado, 12 de setembro de 2009

macabéa

Os dois não sabiam inventar acontecimentos.

" Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública. E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a grande glória de Deus."

Ele: Pois é.
Ela: Pois é o quê?
Ele:Eu só disse pois é!
Ela: Mas "pois é" o quê?
Ele: Melhor mudar de conversa porque você não entende.
Ela: Entender o quê?
Ele: Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
Ela:Falar então de quê?
Ele: Por exemplo, de você.
Ela: Eu?!
Ele:Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de gente.
Ela: Desculpe mas não acho que sou muito gente.
Ele: Mas todo mundo é gente, meu Deus!
Ela: É que não me habituei.
Ele: Não se habituou com quê?
Ela: Ah, não sei explicar.
Ele: E então?
Ela: Então o quê?
Ele: Olhe, eu vou embora porque você é impossível!
Ela: É que só sei ser impossível, não sei mais nada. Que é que eu faço para conseguir ser possível?
Ele: Pare de falar porque você só diz besteira! Diga o que é de teu agrado.
Ela: Acho que não sei dizer.
Ele: Não sabe o quê?
Ela: Hein?
Ele: Olhe, até estou suspirando de agonia. vamos não falar em nada, está bem?
Ela: Sim, está bem, como você quiser.

(...)

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