quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cabível?


"E eu dera o primeiro passo: Pois pelo menos eu já sabia que ser um humano é uma sensibilização, um orgasmo da natureza."
(A paixão segundo G.H, Clarice Lispector)


Minhas emoções não cabem em nada.

Elas transbordam.

São feras instintivas incontroláveis.

Escapam-me por onde menos espero.

Rasgam as roupas que vestem meu ser, deixam-me nua.

Arranham-me a carne e me deixam a sangrar.

O líquido vermelho desliza por minha pele nua, e com ele exponho o que o fez circular em minhas veias, a prova cabal de que sou humana, passional e imperfeita.

Então, fico a mercê dos algozes da razão e eles irão dissecá-las, analisar uma a uma enquanto sangro em um canto e despejo novas feras.

Não podemos culpá-las por me fazerem sangrar, pois a cada novo hematoma que elas me causam, elas derramam lágrimas e mais lágrimas de igual dor e sofrimento.

A razão não poderá jamais entende-las, minhas feras são minhas filhas, nasceram de minha alma, de minha essência, como as amo, nunca terei vergonha delas. Confesso, porém que já tentei controla-las, foi inútil, não posso mudar minha essência.

Às vezes elas me escapam pelos olhos, houve tempos em que saíram do meu próprio sangue, a cada nova experiência de vida mais feras nascem...

Não consigo segura-las, e quando penso que finalmente encontrei o ser que vai abraçá-las antes que elas me façam sangrar... Sinto o líquido vermelho escorrendo em minha pele nua novamente.

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